[ENTREVISTA] VGC Brasil: Dark e Kyriale

Kyriale e Dark são professores e juízes de torneios de VGC do VGC Brasil, o maior grupo de competitivo voltado para o formato oficial de Pokémon no Brasil. Confira em primeira mão a entrevista feita a eles pelo Folha Navalha:

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Mareoo: Como vocês começaram a jogar Pokémon?

Dark: Bom, comecei a jogar Pokémon desde muito cedo. Tinha uns 8 anos creio! Portugal viveu muito da Pokémania no início dos anos 2000. Joguei o Pokémon Blue mal ele chegou à Europa, mas apaixonei-me pela franquia com Pokémon Gold.

Kyriale: Comecei jogando o jogo de tabuleiro (aquele bem antigo que tem um monte de Ash e você vai percorrendo a trilha), depois migrei pra emuladores no PC. Nunca tive console porque meus pais não gostavam e falavam (com razão) que, se dessem um console móvel pra mim e pro meu irmão, íamos ficar o tempo todo nele.

Kyriale: Quando me casei, meu marido me apresentou o jogo de cartas pra podermos jogar juntos, e daí que comecei a entender mais do jogo e me aprofundar, terminando por conhecer também o VGC 1 ano depois.

Mareoo: O jogo de tabuleiro tinha a lógica parecida com a dos jogos de Pokémon pra console? Ou era só um boardgame com Pokémon de temática?

Dark: Nunca vi isso ao vivo, mas sabia da existência.

Kyriale: Você tinha que montar o tabuleiro respeitando as cores da Pokébola (simulando as rotas, cada Pokébola tinha uma cor pra indicar os Pokés que apareciam naquela rota); daí também caía em casas de desafio nas rotas, que tinham as cartas de treinadores pra duelar. Depois tinha os líderes de ginásio e, no final, os pássaros lendários e Mewtwo.

Mareoo: Ok é realmente uma jornada num tabuleiro então.

Kyriale: Seu Poké tinha uma combinação de dados, então você jogava os dados pra somar com os ataques e, pra capturar o Poké, você também tinha que jogar o dado e acertar um daqueles números ou batalhar com eles.

Mareoo: Bom, agora que falei do geral, vou filtrar um pouco o assunto: qual a história de vocês com torneios de VGC?

Dark: Em 2013/2014, alguns membros da nossa sala começaram a participar em eventos de VGC, sobretudo o worldsbestkebab e zdrup. O interesse estava lá, mas sempre joguei Singles e raramente tocava em Doubles. Em 2017, falaram-me do programa de Professores Pokémon e desde essa altura que sou juiz e organizador de VGC. Tive a oportunidade de conhecer boa parte da Europa a ser juiz em torneios regionais e é algo que estou desejoso que volte a acontecer!

Kyriale: Fui convidada pra trabalhar no IC LATAM na parte da stream e do VGC. Fiquei super nervosa, pois não sabia nada do formato e ainda ia ter que auxiliar na stream. Foi aí que comecei a pesquisar sobre o formato pra poder trabalhar bem no meu primeiro torneio grande. Tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis no cenário, tanto BR quanto em todas as partes do mundo; foi aí que me apaixonei pela comunidade e decidi ajudar ela a crescer.

Mareoo: Histórias legais, ambas. Pelo que entendi ambos tiveram o cargo de juiz / professor nisso. Como é essa experiência?

Dark: Os juízes estão lá para fazer com que o torneio corra da melhor forma possível para toda a gente. No que é que isso se traduz? Somos nós que auxiliamos os jogadores quando há erros de conexão, verificamos que está toda a gente jogando contra o oponente certo e, sobretudo, mantemos o espírito de competição que a The Pokémon Company International deseja nos seus torneios oficiais, entre muito mais. Quanto maior o torneio, maior a "confusão", mas é o tipo de confusão que dá adrenalina e te motiva a continuar em frente. Sair da organização de uma sala no Showdown para ser juiz de VGC foi uma mudança abrupta, porque é presencial e requer ainda alguma robustez física para ficares várias horas de pé, mas é gratificante pela causa.

Kyriale: Não consigo nem descrever como é isso em palavras. Pensa em você acabar um dia super cansado, mas terá certeza que tudo valeu a pena e você faria de novo. É muito gratificante ver a felicidade no olhar dos jogadores no fim do dia, ver quem perdeu um pouco triste, acontece, mas tem amigos e outros jogadores lá pra apoiar ele, ajudar a melhorar, dar os feedbacks positivos... Isso eu vejo muito no VGC, o pessoal é unido e ajuda muito mesmo quem nem conhece.

Mareoo: Parece um trabalho difícil mas gratificante pelo que disseram.

Dark: E eu e a Kyri somos duas pessoas bem diferentes em termos de experiência com VGC.

Kyriale: Sim, haha.

Mareoo: Isso é bom também. Como vocês conheceram a VGC Brasil?

Dark: Não lembro como conheci a VGC Brasil. Acho que o LH me passou o link em 2018 para entrar lá, mas não sei.

Kyriale: Convite de LH, André Lucas ou Carlos Dog, não lembro. Ou foi Arthur.

Mareoo: Entendi, foi parecido pra vocês dois então, de certa forma.

Dark: Basicamente outro professor que nos convidou.

Kyriale: Isso, hahahaha.

Mareoo: O que vocês acham de interessante na diferença entre os metagames da Smogon e do VGC? Pode ser em qualquer sentido.

Dark: Acho que a diferença nem é tanto pelo playstyle. A Pokémon Organized Play! segue um conjunto de regras mais restritas, dependendo do formato. Pelo que temos observado quando sai um jogo novo, a regra é a seguinte: ano 1 - Pokédex da região; ano 2 - National Dex; ano 3 - Pokémon restritos. A Smogon tem um council onde vai banindo Pokémons para fazer o meta mais estável e a Pokémon não fazia isso. Agora com Sword and Shield, já temos visto algumas tentativas de ter balanceamento ativo e não sabemos o que o futuro nos espera no que toca isso. Onde acho que VGC é extremamente diferente é pelo ambiente dos torneios presenciais. É algo que eu nunca teria dado importância até começar a ir a eventos como staff e como player.

Mareoo: Entendo. Bom, pra deixar dinâmico, tem uma pergunta pra Kyri: qual sua opinião sobre a parceria entre a sala Português e a VGC Brasil?

Kyriale: Acho que é um elo importante, pois muita gente ainda acha que pra jogar algo do competitivo precisa ter console, mas na verdade existem muitas ligas e torneios rolando no Showdown. Muitos jogadores do console não conhecem o Showdown e ficam testando os times só no console sem saber que dá pra otimizar o tempo de, por exemplo, testar uma spread ou até mesmo usar a calculadora de dano.

Mareoo: Já que estamos completando uma hora de entrevista, vou mandar a última pergunta: que dica vocês dão para quem quer começar a jogar VGC pra valer?

Kyriale: Segue a gente, entra numa liga e começa a treinar! Participar de ligas é uma forma muito boa de se aprofundar, a galera se ajuda mesmo, manda conteúdo, treina, dá feedbacks, ajuda no in-game e também em torneios... A comunidade em si é, em sua maioria, saudável. linktr.ee/pokevgcbr

Dark: Peguem nos bons valores que Singles deram (reads, momentum, checks e counters, entre muito mais), adaptem tudo isso em Doubles. Interajam com a comunidade de VGC para perceber o que faz VGC tão diferente de Singles. E jogar, jogar muito. Existem imensos torneios online de VGC, sobretudo nesta fase, para muita gente poder manter-se em forma e seguir jogando enquanto esperamos que os torneios voltem. A comunidade de VGC é muito aberta e acho que qualquer pessoa que entra é bem-vinda, em todos os lugares.

Dark: Ah, e leiam as regras do site oficial da Pokémon antes de irem para um torneio pf -.-

Kyriale: Isso é importante, leiam as instruções do torneio e as regras.

Mareoo: Já agradeço aqui pelas dicas, sinto que o pessoal vai gostar. Muito obrigado por cederem esse tempo.