[ARTIGO] Review de Pokémon Legends: Arceus

[ARTIGO] Review de Pokémon Legends: Arceus Aug 4, 2022 16:10:01 GMT -3 Tico, Repu, and 1 more like this

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Post by Natan on Aug 4, 2022 16:10:01 GMT -3

Artigo de Natan. Revisão de Repu.

(Imagem por The Pokémon Company)

Introdução

Depois de oito gerações seguindo o mesmo sistema quase sem nenhuma mudança, não é de se estranhar que a "fórmula Pokémon" aplicada nos jogos principais da franquia estava começando a ficar enjoativa para alguns, mas com o anúncio de Pokémon Legends: Arceus a Nintendo demonstrava finalmente estar tentando expandir os horizontes do universo Pokémon. A grande novidade do jogo, pelo menos num primeiro olhar, é seu sistema de mundo semiaberto, que permite ao jogador explorar diferentes áreas com diferentes Pokémon. O jogo foi recebido com a expectativa de ser o "Breath of the Wild de Pokémon" e, enquanto isso talvez seja um salto muito grande para a franquia, foi uma alteração muito bem-vinda para a série.

Mudanças de Rumo

Como dito anteriormente, uma das grandes mudanças deste em relação a outros jogos de Pokémon foi o sistema de mundo semiaberto. O fato de o mundo não ser tão conectado talvez faça com que ele pareça um pouco menor, e eu concordo que é de fato um pouco cansativo ter que voltar para a vila de Jubilife sempre que você quer explorar outra área do mapa. Ainda assim, explorar as cinco áreas de Hisui, que é o antigo nome de Sinnoh, mais precisamente os campos, os pântanos, a região costeira, a região ártica e o centro montanhoso de Hisui, foi muito divertido, ainda mais com os diferentes itens e missões que te levam a explorar cada parte do mapa. Ademais, outra mudança significativa é a forma como o jogo abandona totalmente o formato de ginásios, insígnias e uma liga Pokémon. Legends tem um aspecto muito mais de exploração onde o objetivo final é entender o que está acontecendo com a região de Hisui. Outra grande mudança não só é o enfoque do jogo na captura de Pokémon, mas também o novo sistema de captura que permite aos jogadores diferentes abordagens para aumentar seu catálogo de Pokémon.

Enredo

(Imagem por The Pokémon Company)

A história do jogo começa quando o jogador cai de um buraco no espaço na região de Hisui, no passado, e é abordado pelo professor da região, Professor Laventon. A partir daí o protagonista deve provar sua confiabilidade e competência para ajudar o Galaxy Team na confecção da primeira Pokédex enquanto completa o seu objetivo pessoal: encontrar todos os Pokémon, uma tarefa atribuída por ninguém mais ninguém menos que o próprio Arceus. Durante sua missão, o jogador também será responsável por lidar com os Noble Pokémon que estão descontrolados devido a serem atingidos por um estranho raio. Os Pokémon nobres também estão conectados a dois clãs rivais que veem o mundo de diferente maneira: Team Space e Team Time. Cada um deles acredita em uma criatura que creem ser a criadora da região de Hisui, o todo poderoso "Sinnoh"; se você já jogou os jogos da 4ª geração, talvez consiga deduzir o que aconteceu aqui. Mesmo que não seja a primeira vez que um jogo de Pokémon apresente uma história mais complexa, é a primeira vez que a franquia tem um enfoque tão grande no enredo. Todo o mistério em volta do que está acontecendo funciona muito bem para o jogo e seus eventos e reviravoltas, enquanto longe de serem revolucionários, complementam bem o jogo e formam o que é de longe meu plot favorito de Pokémon. Pontos extras para a aparição de um personagem da 5ª geração que você talvez já nem se lembre que existia, mas que foi muito bem utilizado aqui.

Jogabilidade

(Imagem por The Pokémon Company)

O jogo começa introduzindo o jogador ao novo sistema de captura em um tutorial não tão curto, mas não tão cansativo quanto o de outros jogos da franquia (ainda mais em uma primeira vez onde tudo aquilo é de fato novo). Capturar Pokémon é extremamente simples e é legal como diferentes Pokémon reagem a sua presença de diferentes maneiras. Além disso, durante o jogo o jogador vai desbloqueando diferentes itens para capturar Pokémon de formas diferentes. Não é um sistema super avançado para um jogo do gênero, mas é o bastante para que as capturas sejam bem mais divertidas em comparação a outros jogos de Pokémon.

Similar a Pokémon Sun and Moon, o jogo tem um sistema de montarias para facilitar a movimentação do jogador no mapa. Temos 5 montarias que o protagonista desbloqueia durante o jogo: Wyrdeer para movimento em terra, Braviary para voar (ou melhor, planar) pelo mapa, Basculegion para se movimentar pelas águas, Sneasler para escalar paredes e montanhas e Ursaluna que funciona como uma Dowsing Machine para achar itens escondidos. É um pouco estranho que o jogador não consiga pular e se afogue após poucos segundos na água sem o uso de uma montaria. Usar as rides é bem mais conveniente que andar, então com o tempo você provavelmente vai perceber que você não quer andar a pé a menos que seja necessário.

O jogador vai sendo guiado pela história por meio de missões que fazem com que saibamos o que vem a seguir, com o jogo mostrando a direção que o jogador deve rumar para completar ou receber uma nova missão. Há também diversos objetivos secundários que podem ser executados, quase 100 no jogo principal. Com a exceção de alguns objetivos secundários do pós-jogo que são a extensão da história principal, que te levam ao "true ending", há pouco incentivo do jogo para fazer essas missões, salvo por algumas que te dão alguma recompensa útil. Eu ignorei a maioria das missões até ter quase completado a Pokédex e realmente, se não for por perfeccionismo, não faria falta nenhuma tê-las ignorado por completo. É um conceito interessante e temos algumas missões legais que exploram os diferentes Pokémon da região, mas no final das contas a maior parte dos objetivos secundários são mais um passatempo para matar o tédio.

Outra novidade em Legends é o sistema de crafting, que é extremamente necessário para um jogo como esse. Durante o jogo, o jogador pode coletar vários itens que podem ser usados para fazer crafting. Tem bastante recursos no mapa, o que faz com que o craft de diferentes itens seja bem simples e não seja exaustivo na maior parte do tempo. Também há bastante itens para serem craftados, embora boa parte não faça a menor falta. O grande problema que eu tive com crafting no geral foi o limite da bolsa. Você pode usar dinheiro para expandi-la por 1 espaço, mas os preços sobem rapidamente. Durante o jogo você se acostuma e começa a saber que itens você quer ter consigo sempre e que itens você pode deixar de lado, mas é extremamente cansativo ter que ir para o seu acampamento ou jogar itens fora porque sua bolsa está cheia, ou perceber que acabou guardando no seu inventário um item e ter que ir lá equipá-lo. Está longe de ser um problema novo para jogos do gênero e também não é o fim do mundo, mas é bastante inconveniente.

A Pokédex

(Imagem por The Pokémon Company)

Na maioria dos jogos de Pokémon, você sai para sua jornada como se completar Pokédex a fosse seu grande objetivo, mas no fim tudo isso fica de lado e o foco real é nos ginásios e na liga, com a Pokédex se tornando uma missão opcional super complicada que a maior parte dos jogadores não se darão ao trabalho. Legends: Arceus, no entanto, se apresenta como uma grande exceção à regra. O foco na Pokédex é sempre enfatizado aqui e, embora você não precise completá-la para terminar a história principal do jogo, você ainda precisa fazer um progresso significativo para continuar avançando na história, além de que capturar todos os Pokémon do jogo está diretamente ligado ao objetivo final que, apesar de ser tecnicamente parte do pós-jogo, é o grande clímax de Legends.

Para progredir na Pokédex de um Pokémon, o jogador deve interagir de diferentes maneiras com tal Pokémon, seja capturá-lo, alimentá-lo, vê-lo usando certos moves ou derrotá-lo de uma maneira específica. Claro que você também precisa ter pelo menos 1 exemplar de cada Pokémon capturado para que o seu progresso seja válido. Cada Pokémon tem suas próprias missões e otimizar a maneira de terminar a página de um Pokémon específico é outro aspecto interessante do jogo. Também existe a opção de maximizar a Pokédex de um Pokémon específico, tudo que isso faz é aumentar um pouco as chances de achar um shiny de tal Pokémon, mas não é necessário para completar a Pokédex, que precisa de apenas 10 pontos por Pokémon. É válido citar que você não precisa de fato completar a Pokédex para terminar a missão principal do jogo. E o prêmio por de fato completá-la? Bom, digamos que não é ruim, mas eu esperava mais.

Considerando que o grande objetivo do jogo é explorar o mapa e capturar diferentes Pokémon, além do fato de que capturas não exigem batalhas e há diversas maneiras de se obter Pokémon, completar a Pokédex nesse jogo é bem menos cansativo que em outros jogos da franquia, embora ainda haja alguns Pokémon mais raros e um pouco incômodos. Algo que achei interessante foi a quest dos Unown onde depois de encontrá-los pela primeira vez eles se espalham pelo mapa e há uma dica para a localização de cada um. Há também uma quest para achar as labaredas espalhadas pelo mapa que te darão acesso a um certo Pokémon (acho que vocês conseguem deduzir qual). Ir atrás dessas coisas também adiciona um incentivo a mais para explorar os mapas do jogo.

Os Pokémon

(Retrato de Wyrdeer, Basculegion, Hisuian Braviary e Hisuian Growlithe do primeiro episódio do especial Pokémon: The Arceus Chronicles)

Pokémon Legends: Arceus introduz ao todo 24 novos Pokémon, com vários desses sendo variações regionais ou evoluções de Pokémon já existentes. Eu particularmente não fui muito fã dos novos Pokémon no geral. Algumas formas, como Kleavor e Sneasler, achei bem decepcionantes, enquanto várias me deixaram totalmente indiferente, sendo o caso dos três novos starters. Teve algumas que eu particularmente gostei bastante como Hisuian Lilligant e Zorua, mas no geral poucos Pokémon novos realmente me agradaram. Sobre as novas formas dos lendários da região, demorou um pouco até me acostumar, mas até que são formas interessantes que são propositalmente bizarras. Não sou o maior fã, mas acho que funcionaram. A propósito, é válido citar que a The Pokémon Company continua com métodos de evoluções super complexos e obscuros que vão te fazer usar bastante o Google caso você queira completar a Pokédex do jogo.

Outra novidade no quesito Pokémon são os Alphas. Alphas são Pokémon muito maiores que o normal, que são facilmente identificados graças a seus olhos vermelhos. Existem alguns Alphas que são sempre encontrados no mapa, mas você também pode encontrar algum alpha aleatório pelo caminho. Capturá-los é um mini desafio interessante e um bom atrativo para o jogo, embora seja decepcionante que, depois de capturados os Alphas, não tenham nenhuma diferença não estética em relação a suas contrapartes. Pelo menos muitos deles estão em ótimo nível e têm boa movepool, então ainda são boas opções para sua equipe.

Legends também trouxe mudanças significativas para shiny hunting, com vários novos métodos que aumentam muito as chances de se encontrar um shiny. Enquanto alguns não gostam de como essas mudanças fazem com que caçar shinies seja muito fácil, eu aprecio que shiny hunting nesse jogo é bem mais acessível e não exige tanto tempo. Com certeza é uma boa para jogadores que não tem paciência para shiny hunting tradicional, mas que querem ter alguns Pokémon de cores diferentes na sua party, ou que estejam procurando alguma coisa no jogo para passar o tempo. Sem tentar muito eu achei diversos e em menos de um mês eu já tinha uma box inteira cheia de shinies.

As Boss Fights

(Imagem por The Pokémon Company)

Uma grande mudança na jogabilidade de Pokémon é o grande substituto dos ginásios na progressão do jogo: o novo sistema de Boss Fights. Durante o jogo, como mencionado anteriormente, o jogador terá que acalmar os Noble Pokémon que estão fora de controle. Para isso, o jogador usa bálsamos feitos com a comida favorita de cada Noble como um projétil para enfraquecê-los. O conceito parece meio tosco, mas é basicamente uma Boss Battle em Pokémon que exige que o jogador esquive de ataques e ache suas oportunidades para acertar o boss. Você também pode em alguns momentos batalhar com os bosses para atordoá-los por um tempo, tendo uma abertura para acertá-lo com diversos bálsamos. Essas batalhas são um dos aspectos mais divertidos do jogo na minha opinião, sendo relativamente desafiadoras e algo totalmente novo e único para a franquia Pokémon.

O Sistema de Batalhas

O sistema de batalha de Pokémon Legends: Arceus tem como sua grande novidade o sistema de "masterizar" seus moves, permitindo a seus Pokémon usar ataques nos estilos "Agile" e "Strong". A forma como Speed funciona nesse jogo frequentemente permite a um Pokémon atacar mais de uma vez em sequência e os estilos têm muito a ver com isso: Agile enfraquece um move e seus efeitos, mas aumenta sua prioridade de ataque, enquanto Strong aumenta a precisão, poder e efeitos de um move em troca de uma perda de prioridade. É uma mudança bem-vinda que permite uma certa otimização nas batalhas do jogo.

Em Legends, o jogador pode enfrentar mais de um Pokémon por vez, seja Pokémon selvagens ou Pokémon de treinadores, o que é legal, mas relativamente estressante ainda mais se considerado a ausência de moves que atingem múltiplos alvos do jogo. Por sinal, muita gente deu falta de lutas de treinadores. Eu, que nunca achei que enfrentar oponentes interminavelmente em cada rota e ginásio é um dos aspectos mais divertidos de Pokémon, não tive muito problema com isso. Claramente o foco do jogo é outro e isso funciona pro jogo, mas as batalhas com treinador ainda estão lá para caso você sinta falta delas, com a última batalha antes do final real do jogo sendo surpreendentemente complicada caso você não esteja preparado pra ela.

Os Gráficos

(Imagem por The Pokémon Company)

Uma das grandes críticas que Pokémon Legends: Arceus recebeu foi em relação a seus gráficos. Eu particularmente sempre priorizei qualidade de jogabilidade a qualidade gráfica, e os gráficos ainda são bem decentes para o padrão da série Pokémon. Podem ser melhores, com toda a certeza, e espero que eles evoluam nos próximos jogos de Pokémon. Além de sentir que os gráficos não são tão bons para os padrões atuais, eu também senti que faltou algum polimento no jogo, com diversos erros visuais que eu sinto que poderiam ter sido evitados caso houvesse um pouco mais de cuidado. Apesar disso tudo, eu considero que a jogabilidade mais que compensa pelos problemas gráficos do jogo.

Conclusão

Pokémon Legends: Arceus é uma ótima adição para a série de jogos de Pokémon. Por mais que o título de "Breath of the Wild" de Pokémon seja um exagero e que o jogo ainda apresente diversos problemas, desde de gráficos a jogabilidade, é com toda certeza um passo na direção certa. Eu sem dúvida nenhuma me diverti muito mais com esse do que com qualquer jogo de Pokémon e espero ver mais jogos do tipo, de preferência trabalhando em aspectos que sinto que poderiam ser melhorados. Para Pokémon, é uma obra-prima, em comparação a outros jogos, há muito espaço para evolução, mas é uma boa base para o que jogos de Pokémon podem se parecer daqui pra frente.